Encontro defende inclusão e melhores condições de trabalho para negros na saúde

Encontro defende inclusão e melhores condições de trabalho para negros na saúde


Publicado em: 26/11/2014 20:34 | Autor: 337

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Ser negro ainda é um desafio no Brasil. Mesmo representando uma parcela considerável da sociedade, o preconceito e a discriminação continuam sendo marcas fortes do país e a cada dia mais defender políticas públicas que repudiem tais práticas se fazem necessárias. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS) deu início nesta quarta-feira (26) ao Encontro Nacional de Raças e Etnias onde essas e outras demandas estarão em debate.

Entre os vários temas abordados, estará em pauta discussões de inclusão dos profissionais negros no mercado de trabalho, a importância das cotas raciais, além de palestras que servirão de capacitação para os profissionais participantes, que poderão defender com mais propriedade o espaço do negro dentro da sociedade.

O presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Estado de Aalgoas (Sateal), Mário Jorge Filho, esteve presente já que compõe a diretoria da CNTS e defendeu a importância de eventos como este que trazem como temática uma questão de interesse nacional.

“Devemos entender que o profissional negro é fundamental para o funcionamento das unidades de saúde, seja em Alagoas ou em qualquer canto do Brasil. Infelizmente há muito preconceito, discriminação e falta de oportunidade de trabalho para estes profissionais, que são tão competentes como qualquer outro”, afirmou.

O presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Nordeste (FEESSNE) e vice-presidente da CNTS, João Rodrigues Filho, destacou que o evento possui uma importância vital para os Estados do Nordeste e para todo o país pela importância e relevância do tema abordado. Para ele, a discriminação contra negros além de ser um fator histórico, hoje se configura também em um tratamento diferenciado em vários aspectos, que afeta de forma especial o setor da saúde.

“O Brasil é um país com várias etnias e por isso precisamos debater a importância de como proceder e tratar casos de discriminação. Hoje não temos nenhum representante negro no governo, o mais recente era o ministro Joaquim Barbosa e era importante sua figura ali, para mostrar que um negro também pode exercer cargos importantes. Precisamos de um país mais igualitário, com maior participação dos negros, afinal todos nós temos um pouco negro, branco, índio e europeu”, defendeu.

João Rodrigues disse ainda que o panorama do Nordeste vem melhorando paulatinamente, mas afirmou ainda ser necessário promover a inclusão dos negros. “Estive em Alagoas participando da Conferência Estadual da Saúde e notei que basicamente não havia negros representando as entidades. Isso também aconteceu nas regionais. Por isso defendo que devemos lutar por políticas públicas para acabar com essa segregação. Hoje essa briga de inclusão é de todos os brasileiros”, completou.

Já o primeiro tesoureiro da CNTS e diretor de negociação coletiva da Federação dos Trabalhadores da Saúde, Jânio Silva, alertou para a importância da atuação dos sindicatos e associações junto dos trabalhadores. Ele destacou que essas entidades por seu poder de voz ativa pode e deve se fazer mais próxima à classe trabalhadora para que funcionem também como um referencial para o combate ao preconceito e o racismo dentro e fora do ambiente de trabalho.

“Vejo que os sindicatos nesse ponto são ausentes, eles precisam envolver mais a categoria em torno de questões como esta. Porém é preciso dizer que os trabalhadores precisam enxergar nos sindicatos um local onde possam discutir outras questões que não seja reajuste salarial. É bom destacar que questões de trabalho deprimem, desestimulam. Nós como representantes sabemos que é um trabalho árduo, perseverante, mas não podemos desistir, afinal precisamos acabar com o preconceito e é com eventos como este que daremos grandes passos rumo ao combate à discriminação”, disse.

A coordenadora do evento e diretora da CNTS, Lucimeire Pinto, destacou a força multiplicadora do Encontro. Ela afirmou que um dos objetivos é instrumentalizar os participantes das palestras e discussões para que se haja um debate mais amplo pelo país.  Lucimeire também falou da importância de se atuar no combate ao preconceito existente na geração de postos de trabalho.

Assim como Alagoas, em outros Estados, os profissionais de pele escura também sofrem para conseguir se inserir no mercado de trabalho, além de ter que lutar contra as tentativas de se apagar a participação desses profissionais, colocando-os em setores de pouca visibilidade.

“Antes eu não conseguia ver como o preconceito se dava no mercado de trabalho, achava até difícil acontecer essa segregação no serviço público, mas é exatamente na ocupação dos postos de trabalho que os negros são prejudicados, sendo obrigados a ocupar subempregos, atuar em setores escondidos, nas lavanderias e nas cozinhas. O problema é que existem negros capacitados, mas tanto homens quanto mulheres são esquecidos. Por isso destaco a importância desse evento, que vai funcionar como um multiplicador de conteúdo e também vejo que é preciso se estabelecer política de cotas no mercado de trabalho, pois essa será a única forma de enfrentar o preconceito”, concluiu. 

 

Ascom Sateal