No Brasil, uma pessoa morre por acidente de trabalho a cada 3 horas e 40 minutos

No Brasil, uma pessoa morre por acidente de trabalho a cada 3 horas e 40 minutos


Publicado em: 30/04/2019 14:08 | Fonte/Agência: Ascom CNTS

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No Brasil, uma pessoa morre por acidente de trabalho a cada 3 horas e 40 minutos

Segundo o procurador, a construção do ambiente para evitar acidentes de trabalho envolve uma preparação do conjunto das empresas

O Brasil registra uma morte por acidente de trabalho a cada três horas e 40 minutos. Segundo o Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, entre 2012 e 2018 foram contabilizados 17.200 falecimentos em razão de algum incidente ou doença relacionados à atividade laboral. No domingo, 28, foi celebrado o Dia Mundial e Nacional de Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças de Trabalho, data criada para alertar a sociedade sobre o problema.

No comparativo por anos, houve queda nos registros, com 2.659 casos em 2014; 2.388 em 2015; 2.156 em 2016; 1.992 em 2017; e 2.022 em 2018. Já os acidentes de trabalho são mais frequentes e ocorrem a cada 49 segundos. No mesmo período, foram registrados 4,7 milhões incidentes deste tipo, conforme o Observatório.

Os tipos de lesão mais comuns foram corte e laceração, com 734 mil casos –21%. Em seguida, vêm fraturas, com 610 mil casos – 17,5%; contusão e esmagamento, com 547 mil – 15,7%; distorção e tensão, com 321 mil – 9,2%; e lesão imediata, com 285 mil – 8,16%. As áreas mais atingidas foram os dedos – 833 mil incidentes; pés – 273 mil; mãos – 254 mil; joelho – 180 mil; partes múltiplas – 152 mil; e articulação do tornozelo – 135 mil.

Setor hospitalar é o primeiro do ranking – As áreas com maior incidência de acidentes de trabalho foram atendimento hospitalar – 378 mil; comércio varejista, especialmente supermercados – 142 mil; administração pública –119 mil; construção de edifícios – 106 mil; transporte de cargas – 100 mil; e correio – 90 mil. Já no ranking por ocupação, as ocorrências mais frequentes foram as de alimentador de linha de produção – 192 mil; técnico de enfermagem – 174 mil; faxineiro – 109 mil; servente de obras – 97 mil; e motorista de caminhão – 84 mil.

A CNTS e o Sateal protagonizam campanhas permanentes de prevenção de acidente de trabalho, com oficinas, seminários, cartilhas, além de campanha nacional pela observância e aplicabilidade da Norma Regulamentadora 32 – que estabelece diretrizes e procedimentos para proteção à segurança e saúde dos trabalhadores da saúde.

Para o tesoureiro-geral da Confederação, Adair Vassoler, a ampliação do debate acerca das condições de trabalho dos profissionais da saúde se faz urgente e necessária diante do crescente índice de acidentes e adoecimentos. “Nós, trabalhadores da saúde, temos o compromisso de defender a vida, inclusive as nossas. É preciso garantir o atendimento ao usuário com um serviço de qualidade e, ao mesmo tempo, preservando a saúde do trabalhador”, afirmou.

Outros levantamentos – Entre os homens, os acidentes foram mais frequentes na faixa etária dos 18 aos 24 anos. Com mulheres, no entanto, os acidentes ocorrem mais tarde, entre 30 e 34 anos. Faixas etárias de maior produtividade.

Na distribuição geográfica, os estados com maior ocorrência destes incidentes foram São Paulo – 1,3 milhão, Minas Gerais – 353 mil, Rio Grande do Sul –278 mil, Rio de Janeiro – 271 mil, Paraná – 269 mil e Santa Catarina – 185 mil.

Preocupação com produção é maior do que com segurança – Para além dos impactos principais e graves dos danos à vida e à integridade de trabalhadores, os acidentes de trabalho também trazem outras consequências. De acordo com o Observatório, 351 milhões de dias de trabalho foram “perdidos”, entre 2012 e 2018, em razão dos afastamentos. Os gastos estimados neste mesmo intervalo chegaram a mais de R$ 82 bilhões.

Na avaliação do coordenador nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho, Leonardo Mendonça, o Brasil ainda tem muito o que avançar. Segundo ele, a preocupação das empresas ainda é com a produção, e não com a segurança em primeiro lugar.

O procurador argumenta que empregadores devem investir tanto em prevenção como no fornecimento de materiais de segurança. “O ideal é ter um ambiente de trabalho organizado não apenas no sentido de um local limpo, mas saudável, que não seja propenso a adoecimentos”, explicou.

Segundo o procurador, a construção desse ambiente para evitar acidentes de trabalho envolve uma preparação do conjunto das empresas, inclusive a formação de seus funcionários e pessoas em postos de chefia. “É preciso fazer capacitações com todos os setores da empresa. Desde o topo até o funcionário de chão de fábrica para que tenha carimbo de que realmente ela se preocupa com saúde”, argumenta.