Profissional da Saúde relata em carta atrasos salariais, falta de estímulo e descaso de gestão municipal

Profissional da Saúde relata em carta atrasos salariais, falta de estímulo e descaso de gestão municipal


Publicado em: 23/10/2015 19:31 | Autor: 337

Whatsapp

 

É cada vez mais frequente em Alagoas ver trabalhadores da saúde revoltados com o descaso de empresas e gestores públicos que atrasam os salários e ignoram os pedidos de pagamento, além de problemas no ambiente de trabalho e de saúde em virtude de tudo isso. Em um ato de coragem, uma profissional da saúde escreveu uma carta para o prefeito de Maragogi apontando para as consequências que os servidores estão vivendo em virtude dos meses de atraso salarial.

A mensagem foi lida na Rádio Maragogi FM e mostra uma realidade preocupante que atinge não só os trabalhadores da região Norte do Estado, como também de outros municípios.

Sem se identificar, a profissional relatou na carta que os servidores da saúde que atuam no município estão há três meses sem receber os salários. O efeito disso se reflete em dificuldades financeiras, problemas pessoais e no desestímulo para desempenhar as funções profissionais.

“Tenho família, filhos, contas a pagar. Tenho o direito de viver com dignidade e honestidade. Porém está difícil. O último salário que recebi foi no mês de junho e já estamos em outubro. Procurei com outros colegas que estão passando pela mesma situação e tem colegas que estão com dificuldades piores, que estão com o décimo e férias atrasadas. E se quiser receber, tem que fazer um requerimento indicado pela promotora. [...] Além de ser humilhante e constrangedor, Maragogi virou um lugar ruim de trabalhar, pois o prefeito paga quando quer”, relatou.

A trabalhadora afirma em outro trecho da carta que a prefeitura comunicou que pagaria os salários referentes a julho em setembro, mas os demais meses continuaram pendentes. Ela ainda alertou que a situação vivida pelos servidores da saúde e de outros setores no município é semelhante ao vivido em Alagoas durante o terceiro mandato de Divaldo Suruagy (1994-1997). Na época, Alagoas passou por uma grave crise político-financeira, que culminou com a renúncia de Suruagy. O então vice-governador, Manoel Gomes de Barros assumiu o Executivo Estadual. A época foi marcada por uma grande desvalorização dos servidores públicos, que ficaram até seis meses sem receber seus salários. Muitos deles, infelizmente, não suportaram a crise e cometeram suicídio.

“O prefeito acha que só ele tem família, tem direito de se alimentar, colocar seus filhos em escolas particulares, pois as escolas do município estão abandonadas desde a estrutura até a falta de funcionários. O prefeito pensa que nossos filhos comem vento. Quando o senhor sentar com a sua família, lembre-se que existem famílias que estão há três meses sem receber. [...] Estamos vivendo em Maragogi como na época Divaldo Suruagy, quando pessoas preferiam se suicidaram ao ter que ver suas famílias passar necessidades. Esta carta é mais um desabafo de um funcionário revoltado e angustiado com tanta falta de respeito ao povo de Maragogi, principalmente aos da saúde, que ainda por cima se faltarem tem os dias descontados dos salários, mas que salários?”, questiona.

No final da carta, a trabalhadora denuncia ainda que alguns servidores chegaram a ser demitidos sem cumprir aviso prévio, como prevê a CLT. A carta ainda faz um apelo às autoridades e aos vereadores do município, para que investigue o atual gestor e tome as devidas providências.

“Alguns funcionários foram demitidos sem o direito ao aviso prévio. Foram informados apenas por subordinados da prefeitura sobre a demissão. Estamos em pleno final de ano e é muita injustiça para nós funcionários da saúde estarmos trabalhando e estar sem receber. Se os efetivos da saúde estão nesta situação, imagina os outros. Isso as autoridades não conseguem enxergar”, finaliza.

O presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem no Estado de Alagoas (Sateal), Mário Jorge Filho, lamentou toda a situação vivida pelos servidores públicos de Maragogi e disse que entrou em contato com a prefeitura em busca de um posicionamento sobre o pagamento dos salários, já que existem auxiliares e técnicos de enfermagem que atuam no município.

“O Sateal esteve no município na expectativa de encontrar um meio de resolver a questão que revolta os servidores, mas infelizmente nenhuma das secretárias soube dar informações sobre o titular da pasta da Saúde. É um total desrespeito com os servidores daquele município. Porém uma pergunta fica no ar: para onde vão os recursos e toda a verba do município, que é um forte polo turístico do estado?”, questiona. 

Ascom Sateal - Com informações da Maragogi FM